Diversidade e Comportamentos Organizacionais - Nascemos puros e genuínos, inconscientes da história e emaranhados do nosso sistema...

Diversidade e Comportamentos Organizacionais

Quarta, 07 Junho 2023

Nascemos puros e genuínos, inconscientes da história e emaranhados do nosso sistema familiar que, de alguma forma, influencia no que nos tornamos. À medida que crescemos, por instinto, imitação ou ensinamento dos nossos pais, substitutos, pessoas da nossa convivência e educadores, aprendemos e adotamos hábitos, comportamentos e crenças, sem filtros.

Cada pessoa que nos influencia, nos dá o melhor que tem ou que sabe naquele momento da sua vida, aprenderam assim, não sabem fazer melhor.

Alguns hábitos, comportamentos e crenças adquiridos podem ser impulsionadores do nosso sucesso e felicidade nas diferentes áreas da nossa vida, outros, podem ser inadequados e limitantes das nossas conquistas e desempenho frente aos desafios que a vida nos oferece.

A partir do nosso desenvolvimento e conscientização, podemos discernir e explorar os hábitos, comportamentos e crenças que nos fortalecem e substituir ou abandonar aqueles que nos prejudicam. Não é uma tarefa fácil, muitas vezes percorremos uma longa jornada, ou uma vida inteira, arraigados em convicções e crenças limitantes como se fossem verdades absolutas, podendo causar muitos dissabores, transtornos e sofrimentos, tanto para nós como para as pessoas com as quais nos relacionamos.

Quanto mais evoluídas, as pessoas se tornam mais conscientes e modificam hábitos, comportamentos e crenças limitantes, como o preconceito, que muito dissabor provoca e nada agrega.

O preconceito, conforme Cortella & Ferraz (2020, p. 204), “é uma redução mental que diminui a capacidade de conviver, de refletir, de fazer melhor, de inovar e partilhar”, em suma, é uma opinião inconsciente sobre algo ou alguém que é diferente do padrão pré-concebido pelo sujeito.

Normalmente, o preconceito é manifestado por pessoas imaturas e inseguras na tentativa de diminuir as outras por inveja porque estas se sobressaem em algum atributo que lhes falta; porque veem nas outras, características que elas têm e rejeitam ou, ainda, na tentativa de chamarem atenção para si, tentando ser engraçadas ou na vã tentativa de se mostrarem mais importantes.

Entendo que somente a educação é capaz de, gradativamente, eliminar o preconceito. É uma conquista que deve ser cultivada. Tudo que é forçado, produz efeitos indesejados, somente irá mascarar o problema.

Todos os seres humanos são iguais, independente das suas características físicas, faixa etária, nacionalidade, sexo, estilos de vida, religião, cultura, classe social ou outros atributos. Nascemos, estamos nesta vida de passagem para evoluirmos e iremos embora da mesma forma, sem levar nada material. 

Quando tratamos pessoas que pensam e agem diferente de nós, de forma diferenciada, outorgamo-nos de um poder que não temos e as diminuímos, segregamos. O que precisamos sim é educar, respeitar e combater toda a forma de violência contra qualquer pessoa.  

Segundo Hellinger & Hövel (2006, p. 66), o criador das Constelações Sistêmicas, atualmente difundidas em todo o mundo e aplicadas em várias áreas, como familiar, empresarial, medicina, direito, entre outras, sobre aqueles que se indignam com os injustos, assumindo a posição das vítimas: “...ele se arroga o direito de fazer mal aos perpetradores e isto prolonga o conflito. Os indignados geralmente não se dão por satisfeitos até que os perpetradores sejam aniquilados e humilhados – mesmo que isso agrave o sofrimento das vítimas” ou, seja, os indignados assumem o lugar das vítimas, não as empoderam para que elas cresçam, consigam superar e resolvam a situação da maneira que as satisfaçam.

As organizações que buscam atingir alto nível de desempenho e o seu diferencial competitivo, dão ênfase à valorização das pessoas entre as suas boas práticas de gestão, visando atrair, reter talentos e o obter o seu engajamento, o que requer tratamento justo e a intolerância ao desrespeito e ao preconceito. O que vale é a competência e o poder agregador de cada um para a conquista de resultados de excelência.

Para tanto, é imprescindível que sejam implementadas estratégias e boas iniciativas para a integração, inclusão e o engajamento das pessoas, considerando os diferentes perfis e as suas necessidades, o que pode incluir o ajuste das suas instalações físicas para permitir o acesso de todos; o desenvolvimento de temas como: empatia, espírito colaborativo, respeito às diferenças individuais, resiliência, desenvolvimento de equipes, negociação, feedback construtivo, entre outros; dinâmicas e jogos para o entendimento das estratégias, missão, propósito, visão de futuro e valores organizacionais; o empoderamento e envolvimento de todos os integrantes da equipe na definição dos objetivos da área, acompanhamento dos resultados gerados e na tomada de decisão, além da distribuição justa dos recursos.

Ao priorizar alguns grupos, estes teriam mais poder em detrimento de outros sujeitos, ou seja, de que esse tratamento diferenciado possivelmente geraria um tipo de discriminação reversa. Logo, ao invés de promover a inclusão, a exclusão e os conflitos seriam intensificados, uma vez que os não beneficiados poderiam sentir-se discriminados (Ferreira, (2021, p. 42).

Quando falamos em igualdade e mudança de mentalidade, os efeitos de priorizar alguns grupos podem ser contrários ao pretendido. Não empodera as pessoas que têm baixa autoestima por apresentarem algumas características que podem provocar sentimentos ou comportamentos de rejeição ou exclusão, para que possam superar e vencer os seus desafios e, provocarmos uma desordem no sistema. Ao privilegiamos determinado grupos, excluímos outros e, as pessoas excluídas, podem se sentir injustiçadas e desmotivadas, comprometendo a sua produtividade e o clima organizacional.

O envolvimento e a qualificação da área de Gestão de Pessoas, dos gestores e lideranças são fundamentais para garantir a implementação e o sucesso das estratégias e iniciativas para a integração e o engajamento das pessoas, o seu acompanhamento e ações de intervenções caso sejam identificadas situações de desrespeito às diferenças, preconceito ou exclusão.

A criação de uma área exclusiva para essas ações pode reduzir a responsabilidade de quem deve cuidar e olhar com atenção e respeito para o principal ativo da organização, ou seja, para as pessoas que fazem parte e são fundamentais para o alcance dos seus resultados.

Um elo fraco compromete toda a corrente. Se as pessoas não estiverem bem e integradas, não haverá engajamento. Conseguir o engajamento das pessoas deve ser prioritário para quem cuida da sua gestão e para quem almeja a excelência do desempenho organizacional, ou estão falhando no seu papel e a ‘Valorização das Pessoas’ é apenas um chavão.

  

Referências Bibliográficas:

Cortella, M. S. & Ferras, J. L. (2020). A Diversidade: Aprendendo a ser humano. São Paulo, SP: Editora Littera.

Ferreira, I. F. (2021). Gestão da Diversidade e da Interculturalidade nas Organizações. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.

Hellinger, B. & Hövel, G. T. (2006). Um Lugar para os Excluídos: Conversas sobre os caminhos de uma vida. Patos de Minas, MG: Editora Atman

 

Lúcia Arlete Machado Nunes

Consultora Organizacional e Comportamental, CEO da DRAGON  Consultoria Organizacional Ltda. Administradora de Empresas, mestre em Psicologia Organizacional, Coach e Consteladora Sistêmica


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