O Processo de Mudança
A mudança é constante e inevitável. Faz parte da nossa evolução e desenvolvimento. Tudo o que percebemos é constituído de átomos pulsando numa frequência vibratória, num movimento e mudança contínuos. Cada instante é único. Segundo Heráclito (2021, p. 49), “Não é possível entrar duas vezes no mesmo rio”, isso significa que, mesmo não percebendo através dos nossos sentidos, nada é estático no universo, na nossa galáxia, planeta, civilizações, nos diferentes ambientes que frequentamos, nas nossas vidas, nos nossos corpos.
Tudo muda no seu ritmo, com maior ou menor velocidade e, conforme encaramos os desafios que a vida nos proporciona, podemos surfar na onda da mudança aprendendo e tirando o melhor proveito, ou sermos arrastados. A lei da vida é implacável, a mudança vai acontecer de qualquer forma. As organizações empresariais estão sujeitas às mesmas leis e, conforme o seu preparo e agilidade, podem prosperar ou sofrerem efeitos devastadores.
Conforme Feigenbaun & Feigenbaun (2002, p. 7), “Uma empresa pode manter a sua dominância no mercado até que seja desafiada, não pela economia de escala, mas por ser desbancada pelo próximo produto – temporariamente dominante”. O preparo das organizações para serem agentes da mudança, saindo na frente dos seus concorrentes, ou vencerem desafios, depende da sua agilidade, abertura para novas ideias, engajamento dos seus colaboradores, ambiente propício para a inovação e, a atualização contínua dos seus conhecimentos, recursos, produtos, processos e modelo de negócio.
O desenvolvimento dos colaboradores envolve a sua conscientização e a preparação para enfrentarem resistências e os desafios que, inevitavelmente, ocorrerão, numa velocidade cada vez maior, desbancando aqueles que não estiverem preparados. Segundo Daugherty & Wilson (2019, p. 119) “Ainda estamos nos primórdios da IA, mas organizações de vários setores estão mostrando uma criatividade notável na forma como estão empregando a IA e seus funcionários para reformular, modificar e reinventar de maneira responsável os processos de negócio”.
Antes de implementar um projeto ou promover uma mudança radical, é recomendável preparar e envolver as pessoas para vencer resistências e para que elas se sintam parte da solução, além de acompanhar e apoiá-las durante a sua execução.
O nosso cérebro é dotado de neuroplasticidade, ou seja, está sempre pronto a desenvolver novos circuitos e, consequentemente, aprender coisas novas e adquirir novos hábitos, além de eliminar os antigos. Isso significa dizer que o cérebro é flexível e mutável, embora alguns indivíduos sejam mais resistentes à mudança (Tieppo, 2021, p.231).
O mesmo evento, como um projeto ou formação de uma equipe para implantar uma mudança radical, pode ter representação totalmente diferente para cada pessoa que o observa ou participa. Cada uma percebe a sua ocorrência através dos seus filtros sensoriais dominantes e do seu modelo mental, desenvolvido a partir das suas experiências de vida e que foram determinantes no desenvolvimento dos seus hábitos, comportamentos e crenças.
Algumas pessoas destacam-se por características empreendedoras e criativas, foco no futuro, normalmente gostam de desafios e se empolgam com a mudança. São capazes de apresentarem ideias inovadoras, nunca testadas; outras mais lógicas e racionais, hábeis em planejar e organizar ideias desconexas, mas buscam referência nas experiências passadas para identificar o que pode funcionar para planejar o futuro. São as mais impactadas com as mudanças radicais, pois não encontram referências; outras pessoas são mais ativas e executoras, foco no aqui e agora para fazer funcionar, capazes de vencer barreiras intransponíveis para os outros perfis e achar soluções que pareciam impossível para colocar em prática; e, outras mais conciliadoras e hábeis nos relacionamentos, capazes de resolver conflitos, levantar os ânimos, conciliar e motivar o desempenho das demais.
Todos nós temos todas essas características, mas, quanto mais desenvolvido for um perfil, mais precisamos desenvolver o seu oposto. Cada perfil é importante e complementar. Todos têm os seus pontos fortes e pontos a melhorar. O ideal é a formação de equipes com pessoas de diferentes perfis e que cada integrante saiba dos seus pontos fortes e a melhorar, assim como de cada integrante da sua equipe para respeitar e complementar.
Quando nos confrontamos com um sistema imenso, nossa atenção precisa ser amplamente distribuída. Há um limite no que um par de olhos pode ver. Uma porção deles capta muito mais. Uma entidade mais robusta capta as informações mais relevantes, as compreende mais profundamente e responde com mais agilidade. Nós, coletivamente, podemos nos tornar essa realidade (Goleman, 2014, p. 152).
A diversidade de ideias, diferentes perfis e visões do mundo, sempre agrega valor e auxilia no desenvolvimento das pessoas que aprendem a respeitar as demais, contribuírem e aproveitarem os seus pontos fortes. Cada experiência vivenciada é rica e única, constituindo uma oportunidade para o nosso autodesenvolvimento. Se não for assim, precisamos aprender no que falhamos.
Referência Bibliográficas:
Daugherty, P. & Wilson, J. (2019). Humano + Máquina: reinventando o trabalho na era da IA. Rio de Janeiro, RJ: Editora Campos.
Feigenbaun, A. V. & Feigenbaun, D. S. (2003). O Poder do Capital Gerencial: como utilizar as novas determinantes da inovação, da rentabilidade e do crescimento em uma exigente economia global. Rio de Janeiro, RJ: Editora Qualitymark.
Goleman, D. (2014). Foco: a atenção e o seu papel fundamental para o sucesso. Rio de Janeiro, RJ: Editora Objetiva.
Heráclito (2021). Tradução Costa, A.: Heráclito: fragmentos contextualizados. São Paulo, SP: Editora Odysseus.
Lúcia Arlete Machado Nunes
Consultora Organizacional e Comportamental, CEO da DRAGON Consultoria Organizacional Ltda. Administradora de Empresas, mestre em Psicologia Organizacional, Coach e Consteladora Sistêmica